Amo a lingua portuguesa
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
TRAVESSIA
Nas minhas malas eu só quero carregar histórias. Histórias vividas, divididas,concluídas, interrompidas...Histórias....
Como os salmões que deixam o mar e voltam às nascentes de água
cristalina onde vieram, estou eu fazendo o caminho de volta no tempo pro-
curando as coisas que a memória eternizou.
Quero que tudo que amei e perdi me seja devolvido. Todas essas coisas estão num imenso buraco da minha vida que se chama saudade.
Riobaldo diz que toda saudade é uma forma de velhice. Então estou velha.O poeta Alberto Caeiro diz que a alma é movida pela saudade.
No retorno, sinto saudade de tudo que não fui, de um mundo que só existe na lembrança.Esse retorno é uma travessia dolorosa, muitas lembran-
ças vão sair de um lugar que a memória escondeu como defesa. Vou ver lu-
gares pela primeira vez quando tantas vezes andei por eles. Vou perceber
coisas que sempre existiram e eu não as via.Paisagem que me transmitiriam
muita paz se eu as tivesse visto.Sons que que me fariam muito bem a alma
se os tivesse ouvido. Pessoas que caminhei ao lado e não as conheci.pala-
vras que poderia ter dito e deixei pra depois.Tempo que desperdicei com coisa desimportantes.
Sei que vou afastar espinhos e entender que nada ficou do velho tempo.
Bem sei que esse perfume que sinto da vida é apenas sonho.
Nesse retorno procuro preencher o vazio que a vida adulta revela, sempre
à procura de algo que se perdeu com o tempo, coisas que o tempo espalhou como folhas secas.Rastos que jamais verei , mãos que jamais tocarei.
É uma espécie de regressão, eu preciso dessa experiência para me
encontrar. Esse encontro é inevitável.
Me sinto um Orfeu à procura de Eurídice descendo ao mundo dos mortos
constatando que só a saudade mantém viva na memória as pessoas que
perdemos.A saudade só existe no mundo dos vivos e é um combustível pra
nossas emoções. Não sei o que vai preencher esse vazio.Me transporto para
onde fui feliz. Dizem que a infância é o verdadeiro paraíso dos humanos.
Não há outro tempo de felicidade , o resto são só lembranças.
Ser adulto é ser doente ,é ter a alma mutilada , é moer lembranças pela vida
toda. Por isso o pintor pintou o Deus menino e Jesus prometeu o céu para os que se tornassem criança.
domingo, 24 de julho de 2011
SER POETA
Outro dia lendo Rubem Alves parei meus olhos na frase que dizia assim “ser poeta é fácil.” Fiquei alguns minutos pensando em Fernando Pessoa, Lord Baron, Álvares de Azevedo, Drummond... Minha cabeça deu um giro no planeta, lembrando de tantos outros nomes, pensando como foram tão grandes e ainda o são sendo tão fácil ser.
E ai me veio a resposta. Ser poeta é fácil sim porque poesia é beleza, é sentimento, é simplicidade é dor. Dor de ir, dor de vir, dor de ficar, dor de dor.
Poesia é cheiro, é toque. Ser poeta é falar de vida vivida, convivida, unida, dividida, mas, vida.
Fazer poesia é falar de encontros, de desencontros, de espera. Interminável espera do ser humano. Espera do homem perfeito, do amor perfeito, do casamento perfeito, do namorado perfeito, da viagem perfeita, do emprego perfeito e da visão tanto quanto ingênua da vida.
A poesia nasce daí, das decepções, das contradições, das condições, das interrupções, das frustrações e do vai e vem das estações.
A poesia nasce do olhar, o olhar para as relações entre as pessoas e a intima e singular intenção que existe nos gestos, nos olhares, nos sorrisos, nos beijos, nos abraços e nos apertos de mão.
É fácil ser poeta sim
Ana Lila
sábado, 23 de julho de 2011
JÁ
Já olhei para trás
e não virei estátua de sal.
Descobri que a irreverência
é uma forma de aprender.
E isso é sabedoria.
Já disse palavras pelas quais
me culpo até hoje, por isso,
sinto um grande vazio.
E isso é arrependimento.
Já encontrei a pedra no caminho.
Entrei na porta errada
e não achei a saída.
E isso é crescimento.
Já pulei a cerca.
Desejei o homem da próxima.
fui expulsa do paraíso
por falta de juízo.
E isso é pecado.
Já senti a dor doída
da ausência sofrida
da partida final.
E isso é destino.
Já virei a mesa.
chutei o pau da barraca.
virei a casaca
e algo mais.
E isso é loucura.
Já amei o próximo como a mim mesma.
Perdoei setenta vezes sete.
Dei a outra face.
E isso é certo.
Já rasguei fotografias.
Queimei velhas cartas.
Chorei na lua cheia.
E isso é saudade.
Já troquei noite pelo dia
saí na madrugada
andei na contra mão.
E isso é insensatez.
Já morri tantas vezes.
Revivi outras mais.
Me refiz das cinzas.
E isso é coragem.
Autora: Ana Lila
e não virei estátua de sal.
Descobri que a irreverência
é uma forma de aprender.
E isso é sabedoria.
Já disse palavras pelas quais
me culpo até hoje, por isso,
sinto um grande vazio.
E isso é arrependimento.
Já encontrei a pedra no caminho.
Entrei na porta errada
e não achei a saída.
E isso é crescimento.
Já pulei a cerca.
Desejei o homem da próxima.
fui expulsa do paraíso
por falta de juízo.
E isso é pecado.
Já senti a dor doída
da ausência sofrida
da partida final.
E isso é destino.
Já virei a mesa.
chutei o pau da barraca.
virei a casaca
e algo mais.
E isso é loucura.
Já amei o próximo como a mim mesma.
Perdoei setenta vezes sete.
Dei a outra face.
E isso é certo.
Já rasguei fotografias.
Queimei velhas cartas.
Chorei na lua cheia.
E isso é saudade.
Já troquei noite pelo dia
saí na madrugada
andei na contra mão.
E isso é insensatez.
Já morri tantas vezes.
Revivi outras mais.
Me refiz das cinzas.
E isso é coragem.
Autora: Ana Lila
sexta-feira, 22 de julho de 2011
SONETO
Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo
II
AMOR, quantos caminhos até chegar a um beijo,
que solidão errante até tua companhia!
Seguem os trens sozinhos rodando com ma chuva.
Em Taltal não amanhece a primavera.
Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos,
juntos desde a roupa às raízes,
juntos de outono. de água de quadris,
até ser só tu, só eu juntos.
Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,
a desembocadura de água de Boroa,
pensar que separados por trens e nações
tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos,
com todos confundidos, com homens e mulheres,
com a terra que implanta e educa dos cravos.
Pablo Neruda, 1904-1973
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Somente na Língua Portuguesa existe a palavra saudade. Nos outros idiomas ,no inglês por exemplo existe expressões que significam senti sua falta ou coisas assim.Mas como eles chamam esse sentimento de sentir falta?Serão sinônimas sentir falta e saudade?Creio que não, sentir falta é algo mais superficial.Sentimos do nosso celular quando não o encontramos mas, saudade....nunca senti saudade do meu celular quando o perdi.Sinto saudade mesmo é de gente é de abraço apertado.Saudade vem de dentro da alma ,rasgando de dentro pra fora.Sentir falta é de fora pra dentro e não maltrata.Saudade é dor doída que corroi a alma.Sentir é passageiro é susto que logo acaba.Relembrando a poesia de Casimiro de Abreu que diz "Oh que saudade que tenho da aurora da minha vida da minha infãncia querida que os anos não trazem mais".Saudade é sentimento bom de sentir porque não sentimos do que é ruim. Sinto saudade da minha infãncia,do cheiro de terra molhada, do fogo de lenha me aquecendo nas manhãs de inverno, de observar no fogão de lenha, a lenha se desmanchando em brasa e a brasa em cinza e aquela transformação me inspirava. Acredito que o pouco de poetisa que existe em mim nasceu desses momentosVou dizer como Adélia Prado "que poesia há no fogão a gás?" Sinto saudade do café que minha mãe fazia no fogão de lenha. Cheirinho bom que o tempo não apaga. Oh que saudade. Dor doída de dentro pra fora.......
O "OK" E A POBREZA VOCABULAR
Nossa língua agrega com muita facilidade expressões de outros idiomas que às vezes nem sabemos sua origem e significado. Veja o caso da palavra "OK", que hoje é a palavra mais digitada e falada do planeta. Não tem origem provável, no entanto, ganhou uma proporção gigantesca no vocabulário mundial.
Às vezes fica pensando o porquê da tamanha popularidade da palavra. Faltam palavras para determinadas situações? O que se pronunciava antes de dizer OK para tantas coisa?
O professor Allan Metcalf autor do livro OK diz que essa palavra é a invenção mais sensacional da língua inglesa. E para nós é tão sensacional assim? Embora muito prática concisa em respostas, preocupo-me com a probeza vocabular causada pela substituição de palavras como: concordo, posso, estou certo, tudo bem, muito bem, com certeza e outras tantas que finalizam os diálogos dando a impressão de cordialidade, gentileza e repeito nas relações.
Às vezes fica pensando o porquê da tamanha popularidade da palavra. Faltam palavras para determinadas situações? O que se pronunciava antes de dizer OK para tantas coisa?
O professor Allan Metcalf autor do livro OK diz que essa palavra é a invenção mais sensacional da língua inglesa. E para nós é tão sensacional assim? Embora muito prática concisa em respostas, preocupo-me com a probeza vocabular causada pela substituição de palavras como: concordo, posso, estou certo, tudo bem, muito bem, com certeza e outras tantas que finalizam os diálogos dando a impressão de cordialidade, gentileza e repeito nas relações.
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